Inovação Aberta: Conexão com startups além do óbvio

Semana passada vivi um momento especial ao ver um trabalho de quase cinco anos chegando a uma nova fase.

Como foi transformar a cultura de uma corporação por meio do engajamento real com startups e fintechs

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Semana passada vivi um momento especial ao ver um trabalho de quase cinco anos chegando a uma nova fase. Comemoro com muito orgulho a transformação do programa de inovação aberta a que mais me dediquei e que chega finalmente ao modelo que eu mais acredito.

O Visa for Startups é uma evolução do programa de aceleração da Visa criado em 2017. Todo esse caminho desenvolvido até aqui é fruto de um desejo embrionário — e de uma ideia de que era possível trabalhar a Inovação Aberta num mercado que, lá em 2016, apenas replicava modelos pré-estabelecidos e que ainda não compreendia completamente o que era e como funcionava o ‘fazer negócios com startups’.

O começo de tudo foi algo muito pessoal e remonta há mais de 10 anos, quando já atuava como mentor sobre o tema Design em alguns programas de aceleração aqui no Brasil e por ter contribuído com alguns programas de intraempreendedorismo de algumas empresas nacionais. Além disso, eu já havia estabelecido uma conexão com o Vale do Silício nos EUA. No período em que eu atuava como consultor, eu promovia viagens para levar empreendedores e grupos de pessoas interessadas em conhecer o ecossistema e visitar as empresas de tecnologia como Google, Facebook, Apple, Linkedin e aceleradoras como a Plug & Play, Rocket Space e GSVLabs.

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Estratégia de dois caminhos

Em 2016, de cara entendi que precisaria começar devagar e por dois caminhos. Tomei a decisão de começar pelo modelo mais tradicional de aceleração e o que o mercado naquele momento absorveria melhor. Era crucial que a Visa entrasse no mundo de startups e fintechs e o melhor jeito era fazer isso por meio de dois caminhos.

O primeiro deles, como patrocinadora de um modelo já consolidado da Startup Farm para recrutar startups em estágio inicial (early stage) que levou o nome de “Ahead”. E o outro caminho era pelo desenvolvimento do modelo baseado na metodologia do Design, que desenhei em parceria com a Kyvo e com o suporte da GSV Labs com foco nas startups em crescimento (growth stage).

Esse segundo caminho foi o nosso grande laboratório, para prototipar e testar o formato. Sabíamos que já seria implementado por meio da abordagem do Design Thinking, no qual fazíamos a identificação da oportunidade, imersão, a ideação, pesquisa junto com as startups para tirar uma solução que, de fato, resultaria em alguma aderência à Visa dentre soluções que agregassem valor ao ecossistema de negócios da corporação.

Senti que era o começo de uma jornada com muitos desafios e que eu estava muito interessado em trilhar. Era outro momento pensar e falar de programas de inovação aberta (leia-se aceleração) em 2016.

O bacana de ter feito o processo com o modelo para early stage, pelo patrocínio ao modelo da Startup Farm, foi permitir que a mentalidade da Visa entrasse em contato com aquele ambiente de inovação; executivos da Visa circulando no espaço do Google Campus, frequentando o espaço da Startup Farm, terem contato com a cultura de empresas de inovação, etc. Fui construindo desde ali a cultura de transformação. Queria que as pessoas dentro da corporação compreendessem o que acontecia quando uma ideia de startup early stage era acelerada. Foi importante para a vivência de uma ideia sair do papel em poucos meses. E funcionou muito bem para nós nessa fase.

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Anunciamos para o mercado no final de 2016 e abrimos as chamadas tanto para o Ahead (early stage), quanto para o Track (growth stage). Com este último, cocriei integralmente para a Visa baseado na nossa necessidade (como corporação), alinhado com processo de Design, que já vinha sendo utilizado no São Paulo Innovation Studio (centro de inovação da Visa, onde sou o responsável). O tempo do Track era mais longo, 6 meses, e por isso rodamos um batch em 2017. Era ali nossa primeira experiência e nosso momento de prototipar e testar.

Após 70 startups selecionadas e aceleradas, temos um índice de 45% dessas com negócios fechados com a Visa ou com clientes. Menos de 5% de índice de mortalidade das startups com as quais trabalhamos nos últimos 4 anos reflete que somos bastante assertivos nas escolhas a cada edição. O mercado já enxerga a Visa como uma parceira madura, séria, que está comprometida em desenvolver negócios.

Um grande diferencial do modelo da Visa foi montar um programa de mentoria para treinar os próprios funcionários para serem mentores de startups. Isso ninguém fazia, nós que começamos e hoje alguns programas estão fazendo. É uma chancela muito relevante e consolidou nossa trajetória, pois impacta diretamente na transformação cultural que eu buscava provocar na empresa. Além disso, criamos e consolidamos a reputação, conquistamos prêmios como o Top 50 da Open Startups durante os últimos 2 anos e o prêmio ABECS de melhor programa de inovação do setor de meios de pagamentos.

Refinamento da estratégia — maturação

Agora com a maturidade alcançada em 2021, anunciamos essa grande mudança. Enquanto nosso modelo anterior estava focado em seleção e aceleração de startups com o intuito de desenvolver negócios com a Visa, agora o foco é engajar uma base sólida de startups ainda mais maduras e que já possam conectar diretamente às necessidades do ecossistema em que a Visa está inserida. Nós invertemos a lógica e iremos começar a busca ativa (hunting) baseada em uma demanda interna ou de um cliente.

O Visa For Startups, portanto, é a expansão da iniciativa de engajamento com startups. Trata-se de uma evolução do trabalho que a Visa já vem investindo para articular e ajudar a conectar, de forma direcionada, startups com a indústria de tecnologia de pagamentos, buscando a geração de negócios e o fomento à inovação neste mercado.

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Agora é o refinamento da ideia de Inovação Aberta, pois a gente parte da demanda específica, de um ou mais problemas que mapeamos e abrimos para cocriar com as startups mais maduras. Trata-se, portanto, de uma busca ativa; e de alguma demanda que já esteja estabelecida na corporação. Subimos a régua para a gente se relacionar com as melhores e mais bem estruturadas startups e fintechs.

Este novo modelo pretende desenvolver conexões muito bem aproximadas às necessidades identificadas pela empresa, pelos parceiros e clientes, tais como emissores, credenciadores e estabelecimentos comerciais. Assim, será mais fácil enxergar oportunidades e sinergias, ajudando a tornar todo o processo da parceira — e a geração de negócios -, ainda mais estratégico e eficiente.

O modelo equity free

Desde o programa Track, que rodamos em 2017, fomos na contramão da prática mais tradicional de pegar uma parte da empresa como retorno da participação.

A proposta do programa sempre foi com o intuito de ajudar as startups a se prepararem, para somente quando estivessem prontas, investirmos com mais segurança. No entanto, o que eu sempre precisei mostrar era que o investimento palpável estava no capital intelectual que a Visa ganhava com os programas. A partir do momento que se investe tempo e participação nessa transformação cultural fica inevitável transitar melhores negócios.

E foi esse o caminho percorrido para que o programa de aceleração da Visa chegasse hoje num patamar de alta maturidade. Ouso dizer que chegamos no formato ideal de Inovação Aberta e que levamos exatamente o tempo necessário, para que não fosse interrompido ou cancelado antes de se provar que o caminho da inovação corporativa estava totalmente atrelado à metodologia de Design — mais especificamente do Design de Serviço.

Hoje vislumbro essa importante conquista pessoal, resultado de uma jornada que transformou o modelo de fazer conexões com startups, para além das primeiras propostas de programas de aceleração de startups que o mercado brasileiro propôs até hoje.

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Mais engajamento e conexões mais sólidas

Com o Visa For Startups, a Visa amplia seu papel de guiar e articular as startups junto ao mercado e assim gerar conexões e negócios. Para participar do programa, é preciso realizar um cadastro no site e atender aos critérios pré-estabelecidos, que, entre eles, pedem que as startups já estejam em fase de crescimento ou em escala, com uma base de clientes e receita consistentes.

Destaco ainda a oportunidade de as startups selecionadas, para além do objetivo de solucionar um desafio por meio do desenvolvimento de uma PoC (do inglês, Prova de Conceito), passarem por mentorias e bootcamps para aperfeiçoarem suas soluções e modelos de trabalho. Do lado da corporação, vejo uma expansão da nossa participação nesse importante ecossistema: teremos mais tempo de entrosamento com as startups durante o programa e com melhor conexão estabelecida, pois o mesmo estará sempre aberto para novas entradas (o que chamamos de always on). Esse é o novo comportamento de atuação com startups e fintechs que vem com a maturidade da trajetória: mais alinhado com o ecossistema e com a abordagem do Design.

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